BEHIND THE SCENES 

A minha mãe foi a primeira pessoa a abraçar a minha ideia de criar uma marca de roupa. Decidi, numa aula de inglês, que se iria chamar SURVIVE. Nunca tive de fazer listas, de pensar em outros nomes ou de imaginar significados que se conseguiam ler nas entrelinhas; era para ser SURVIVE, e assim iria permanecer.

 

Tinha os meus jovens e nostálgicos 15 anos. Gostava muito de aqui deixar algumas fotos razoáveis do meu estilo na altura, mas, felizmente, essas imagens são confidenciais.

 

Hoje, acredito que criar uma marca de roupa de streetwear foi o pedido de ajuda, silencioso, que dei naquela altura. 

VINGAR NA MODA

15 anos, nada vendido, nada publicitado e nada divulgado. Fiz um investimento inicial para três (coitadas) t-shirts, com o dinheiro dos gelados que a minha avó me dava, e tentei a sorte de conseguir realizar o sonho de ver a minha roupa na rua.

 

Dizer que fiz o dobro do que investi seria, certamente, uma mentira. As duas primeiras t-shirts estão guardadas num lugar especial no meu armário, a outra oferci, na altura, a um amigo dos meus irmãos.

 

Oferecer roupa engraçada a alguém é meio caminho andado para a vermos a circular por onde andamos. Mas a coisa ficou por aí, nunca cheguei a fazer dinheiro nenhum com o meu recente projeto. 

ADEUS, MARCA.

O PADRÃO SERÁ 👩‍🎓

Estudei até o décimo segundo ano e depois decidi seguir um caminho bastante ponderado: fazer a universidade e os primeiros anos de trabalho em Inglaterra. Entrei em duas universidades bastante conhecidas e acabei por escolher aquela que habitava na minha mente ainda em estado de sonho.

 

Começei o sonho em Marketing Management, e o meu essay foi exclusivamente escrito a pensar na minha marca de roupa, que, aparentemente, não passava de um projeto falhado. Tinha piada o facto da minha marca ter estado sempre presente, mesmo quando não estava.

 

Sempre adorei começar novos projetos e desenvolvê-los. Tinha ídolos, modelos, mas nada em específico, nada relacionado com a moda. Mas esta indústria sempre foi aquele sussurrar na minha cabeça. 

 

Tive sempre muitos outros objetivos, depois de largar a ideia da marca de roupa: jogava futebol no Sport Lisboa e Benfica (sub-19), mas nunca tive amor à camisola – foram muitos anos da mesma coisa, anos difíceis. Largar o futebol foi a decisão mais complicada da minha vida. Isso e perceber que tinha de desistir da universidade.

 

SAÚDE MENTAL

Desistir da universidade | Começar do menos zero

Eu não estava bem em Inglaterra, acho que lidar com tudo sendo uma pessoa tão nova é um desafio difícil. Por vezes, eu chegava a conclusões absurdas, como achar que não devia ter voz, não me podia queixar quando haviam pessoas a passar bem pior do que eu. A verdade é que este pensamento passa, pelo menos, uma vez na vida pela cabeça de alguém. E é muito importante frisar que não tens de passar pelas mesmas circunstâncias de quem está mal para também poderes sentir que não estás no teu melhor. 

 

Sempre senti que a minha universidade podia ter feito mais, ou que as pessoas ao meu redor podiam ter tido outro comportamento. Mas atribuir as culpas a algo ou alguém não resolve nada. Sim, tem que haver mais suporte pela parte das escolas, universidades e instituições. Mas, se eu tivesse tido suporte em Inglaterra, hoje não estava aqui, a tentar tornar coisas que ainda são um tabu ou um estigma numa realidade. 

 

O problema começa a nascer no momento em que já não há felicidade na concretização de um objetivo tão vincado como o que eu tinha quando era mais nova. Ver pessoas na rua com a minha roupa deixou de ser importante. Vejo o que aconteceu como uma oportunidade de poder ajudar mais pessoas que talvez pensem que estão melhor do que eu estava.

 

Sinto que também não há representantes de marca à frente de projetos a falar de saúde mental, e quero muito conseguir ajudar a mudar isso.

O SUCESSO ✍️

JÁ CHEGOU? OU QUANDO É QUE VIRÁ?

Acho que procurei esta resposta durante muito tempo, mas nunca cheguei a nenhuma conclusão. Eu sempre achei que vingar em algo seria fazer colaborações gigantescas com grandes marcas, estar presente em capas de revistas conhecidas ou ir a um festival de verão e ver um cantor com a nossa hoodie das nudes, em cima do palco. Sei que vou vingar neste sentido mais materialista, mas o sucesso é muito mais que isso. 

 

UMA MIÚDA NO STREETWEAR

Os limites somos que os colocamos. Não quero ser o típico guru que te vai mostrar as técnicas para fazeres 10k por mês. A vida não é só isto, meu. É muito mais que isto.

 

No início, tinha receio por ser uma miúda no meio da moda streetwear, confesso.  Depois, aos poucos, comecei a tentar mostrar a cara e poder servir de exemplo para outras pessoas. 

 

A minha mãe diz que criar a SURVIVE, com os meus quinze anos, foi uma mensagem da minha alma para mim. Era muito nova, mas, sim, acredito mesmo muito que esta marca serve muitos propósitos: um deles é ajudar-me a sobreviver.

UM DROP POR MÊS!

A PROCURA PELA TEE ORIGINAL

Um dos nossos goals, agora, é conseguirmos lançar uma coleção grande por mês, bastante mais exclusiva, dedicada a diversos temas. Temos também o objetivo de lançar coleções que vão contra os padrões de cores e mensagens impostos pela nossa sociedade, como algumas coleções anteriores como a das Nudes, do Kiss ou da Truth or Dare.

 

Além destas coisas todas boas que estão por vir, há, por aí, um rapaz com a t-shirt original no seu armário. Encontra-nos e permite que te encontremos - queremos provar-te que há sempre um pote de ouro no fundo do arco-íris 🌈⭐